Grandes empresas brasileiras estão sujeitas a crises que podem comprometer sua sustentabilidade no mercado.
Cenários marcados por mudanças econômicas abruptas unidas a uma gestão ineficiente decorrente de más decisões estratégicas e falta de preparo para lidar com crises, podem levar grandes empresas a recorrer à recuperação judicial.
Marcelo Viana, da T4 Consultoria, que apoia empresas de grande porte intermediando na antecipação preventiva de eventos e na reorganização da gestão junto ao conselho e direção organizacional, explica sobre a recuperação judicial como uma solução estratégica em contextos adversos:
“Diante de uma grande crise, a recuperação judicial surge como uma alternativa para reorganizar dívidas e garantir a sustentabilidade da empresa”, acrescenta.
Compreenda a recuperação judicial na prática
Com a finalidade de evitar que empresas sejam levadas à falência, a recuperação judicial é o processo que permite que a empresa suspenda e renegocie parte das dívidas acumuladas em um período de crise, enquanto continua suas atividades com o objetivo de recuperação no mercado.
A Lei de Recuperação de Empresas e Falência (LREF) nº 11.101/2005 registrou, no primeiro semestre de 2024, o maior número de requerimentos em 20 anos, com um aumento de mais de 70% em relação ao mesmo período em 2023.
Na prática, a recuperação judicial segue o seguinte caminho:
- Solicitação da recuperação judicial à Justiça, comunicando todos os credores;
- O juiz decide sobre o pedido e acompanha o processo, definindo um administrador judicial para monitorar a empresa;
- A organização um plano de recuperação que deverá ser aprovado pela maioria dos credores em uma assembleia;
- Uma vez que as aprovações ocorrem, a empresa fica protegida contra execuções e cobranças judiciais;
- Deverá divulgar com transparência o andamento do processo.
Dentre os principais benefícios da recuperação judicial, estão:
- Suspensão temporária de cobranças e execuções judiciais;
- Oportunidade de renegociar dívidas sem ter de encerrar as atividades;
- Fluxo de caixa preservado para manter as operações essenciais da empresa;
- Recuperação da confiança por parte dos credores, assim como de investidores e do mercado.
Grandes empresas que recorreram à recuperação judicial
Grandes empresas conseguiram se reerguer após a recuperação judicial, como é o caso da:
Grupo Odebrecht (Novonor)
Um dos maiores conglomerados brasileiros, o grupo entrou em recuperação judicial em 2019, por conta de dívidas de mais de R$98 bilhões. Após reorganização e foco em áreas estratégicas, a Novonor segue ativa, com destaque para os setores de engenharia e construção.
Casa do Pão de Queijo
A rede de cafeterias entrou com pedido de recuperação judicial neste ano, com uma dívida total de mais de R$57 milhões, que foi aprovado pela justiça e tem o prazo fixado de dois anos para se recuperar no mercado.
Americanas S.A.
A grande varejista entrou em recuperação judicial em 2023 e, apesar da crise, mantém suas operações em lojas físicas e online enquanto implementa o plano de recuperação. A expectativa é a de que a reestruturação da empresa seja bem-sucedida.
Light S.A.
A distribuidora de energia elétrica, que atende grande parte do estado do Rio de Janeiro, entrou em recuperação judicial em 2023 devido a uma dívida acumulada superior a R$11 bilhões. A empresa continua operando ao passo que busca se reestruturar financeiramente.
Principais obstáculos das grandes empresas no processo de recuperação judicial
Dentre os principais desafios comuns no processo de recuperação judicial, estão:
- Resistência por parte dos credores devido à desconfiança sobre a viabilidade do plano de recuperação;
- Complexidade do planejamento financeiro e jurídico, que envolve a organização dos documentos e a análise detalhada de cenários econômicos;
- Manter as operações de forma saudável durante o processo, de maneira que continue honrando seus compromissos, preservando a confiança dos clientes, fornecedores e demais públicos.
O apoio especializado é fundamental em todas as etapas do processo de recuperação judicial:
“A visão profissional externa é decisiva para oferecer o suporte necessário, tanto na elaboração do documento de solicitação quanto na reestruturação da empresa após a aprovação judicial”, conclui Marcelo Viana, da T4 Consultoria.
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