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Empresas brasileiras não conseguem arcar com juros e recorrem à recuperação judicial

No primeiro semestre de 2024, houve um aumento de 70,9% nos pedidos de recuperação judicial em relação ao ano anterior. Esse crescimento, especialmente entre grandes empresas, principalmente do setor varejista, destaca a importância de entender o contexto que explica esses números.

Marcelo Viana, à frente da T4 Consultoria, ajuda empresas a prevenir situações que podem afetar negativamente a gestão dos negócios. Ele também apoia a reorganização administrativa em casos de recuperação judicial no Brasil, e explica sobre os fatores que têm levado essas empresas a buscar essa medida.

Juros elevados têm contribuído para aumentar as taxas de recuperação judicial a empresas no Brasil 

As taxas de juros no Brasil praticadas pelo Banco Central (BC) estão entre as mais altas do mundo, sendo a manutenção da taxa básica de juros 10,5% ao ano. Grande parte das empresas brasileiras, em especial as pequenas e médias (PMEs), têm vivenciado um cenário de dívidas exorbitantes com resultados aquém do esperado. 

O Brasil se mantém como o país com a segunda maior taxa de juro reais, enquanto o México com uma taxa de juros nominal de 11% (acima da brasileira) de 10,50% ao ano apresenta projeção menor de inflação e, portanto, se mantém na terceira posição.

Marcelo Viana destaca o cenário desafiador às empresas brasileiras a partir deste contexto:

“De modo geral, a incapacidade do fluxo de caixa em quitar dívidas, aliada à dificuldade de alcançar resultados e lucratividade suficientes para sustentar as elevadas taxas de juros, acaba levando as empresas a um ciclo interminável de endividamento”. 

O aumento nas taxas de recuperação judicial para empresas no Brasil tem crescido também entre as maiores empresas, principalmente entre as varejistas brasileiras, tendo como um exemplo, o da Lojas  Americanas.

O caso da grande varejista envolveu escândalo ligado à transparência e responsabilidade corporativa, principalmente por meio do conselho administrativo nas falhas de divulgação de dados financeiros da empresa, o que foi enquadrado como fraude contábil. 

A dívida bruta de R$ 38 bilhões e o processo de negociação entre os credores da empresa também foi destaque neste caso. 

Dentre os principais objetivos do plano de recuperação judicial da Americanas já aprovado, está garantir que a varejista possa continuar com as suas atividades e estima-se que a empresa só conseguirá gerar caixa em 2025. 

Desafios das empresas na negociação de suas dívidas 

A recuperação judicial a empresas no Brasil costuma ser a melhor opção nos casos em que o negócio tem enfrentado dificuldades financeiras e pode oferecer benefícios, como:

Proteção contra credores

Durante o período de carência, a empresa fica resguardada de ações dos credores, como execuções hipotecárias ou apreensão de ativos. Isso oferece um tempo crucial para a elaboração de um plano de recuperação sem a pressão imediata do pagamento das dívidas.

Continuidade das operações

A recuperação judicial possibilita que a empresa continue operando enquanto reestrutura suas dívidas e implementa seu plano de recuperação, preservando empregos, mantendo parcerias comerciais e mitigando impactos econômicos.

Renegociação de dívidas

Por meio da recuperação judicial, as empresas podem renegociar os termos das suas dívidas com os credores, o que pode incluir a redução de juros, prorrogação dos prazos ou até o perdão de parte do valor devido, permitindo uma melhor gestão das obrigações financeiras.

Proteção legal

A recuperação judicial fornece um amparo legal que protege a empresa contra ações dos credores e assegura um processo justo e supervisionado por um administrador judicial nomeado pelo tribunal. 

Fortalecimento financeiro

Ao seguir o plano de recuperação, a empresa tem a chance de melhorar sua saúde financeira e alcançar uma sustentabilidade econômica em longo prazo, aumentando suas perspectivas de superar as dificuldades financeiras e prosperar no futuro.

Apoio especializado é indicado para a empresa nos seguintes contextos

Após a aprovação, a recuperação judicial tem o prazo máximo de dois anos para se consolidar, o que demanda por parte da empresa que recorreu à medida, ações assertivas para que consiga se reestruturar a tempo. 

“É recomendável buscar apoio especializado tanto para empresas que precisam de ajuda para alinhar sua gestão e prevenir problemas que possam resultar em recuperação judicial, quanto para aquelas em que essa medida já é inevitável, a fim de reorganizar a administração durante o processo”, conclui Marcelo Viana, da T4 Consultoria.

Em qualquer etapa vivenciada pela empresa, é essencial utilizar os recursos apropriados, sendo o apoio profissional externo um dos mais valiosos.


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