No ambiente corporativo, a comunicação é vista como um fator fundamental que pode determinar o sucesso ou o fracasso de um negócio. Nas empresas familiares, ela é especialmente crucial e frequentemente associada aos conflitos.

Segundo uma pesquisa conduzida pelo Project Management Institute (PMI) com grandes empresas como Petrobrás, Nestlé, Vale, IBM e HP, foi mostrado que 64% delas enfrentam falhas na comunicação.

Promover melhorias na comunicação pode impactar diretamente no crescimento da empresa familiar, proporcionando vantagens, como:

• Aumento da produtividade;
•  Maior engajamento e motivação por parte dos profissionais;
•  Fortalecimento dos relacionamentos;
•  Melhorias na tomada de decisões;
•  Incentivo à inovação;
• Maior confiabilidade;
• Prevenção de conflitos;

Entre outros.

Mas para obter as vantagens, na maioria dos casos, é necessário antes identificar quais seriam as falhas que estão prejudicando a comunicação do negócio.

Principais falhas de comunicação na empresa familiar 

É por meio da comunicação que um dos pilares da governança corporativa se faz presente, a transparência, assim como também é o meio pelo qual se estabelecem relacionamentos mais saudáveis, pautados no propósito vivenciado pelo negócio.

Marcelo Viana, à frente da T4 Consultoria e consultor especialista em empresas de controle e Gestão Familiar, com foco em negócios de pequeno e médio porte, destaca os principais pontos que evidenciam que a empresa familiar está falhando na comunicação.

Ausência de formalidade na empresa

Marcelo Viana aborda que muitas empresas familiares tendem a adotar uma cultura de comunicação informal, o que pode interferir negativamente nos processos internos:

“Para lidar com o problema, é fundamental que as reuniões sejam conduzidas por líderes capacitados e que haja uma agenda clara, focada nos desafios e objetivos específicos da empresa”, acrescenta.

Problemas na tomada de decisões

Dentre as falhas de comunicação na empresa familiar também está a falta de alinhamento na tomada de decisões entre os sócios, o que pode afetar diferentes áreas do negócio. Isso muitas vezes decorre da ausência de limites definidos para as responsabilidades de cada membro da empresa.

Falta de delimitação de papéis

Em muitas empresas familiares, é comum a falta de definição clara dos papéis de acordo com as habilidades individuais dos membros da família. Isso frequentemente resulta na alocação de pessoas não qualificadas para certos cargos, o que pode prejudicar o desempenho e a eficiência da empresa.

Dificuldades em separar assuntos familiares e empresariais

Este tópico é uma das principais origens de conflitos de interesse em empresas familiares. Neste cenário, é comum que as decisões de negócios sejam influenciadas mais pelas relações familiares do que por critérios objetivos.

Ausência de canais de comunicação

Quando não há canais claros e acessíveis para a comunicação, os membros da família e os profissionais podem se sentir desencorajados a expressar suas ideias, preocupações ou sugestões. Isso pode levar a um ambiente onde os problemas não são abordados adequadamente e as oportunidades para melhorias são perdidas.

Passos para uma comunicação eficaz na empresa familiar

Após a identificação das falhas de comunicação é o momento de resolver o problema. Os principais passos para alcançar uma comunicação eficaz na empresa familiar incluem:

Profissionalização da gestão familiar

A profissionalização da gestão é fundamental para implementar as práticas de governança corporativa, sendo o conselho consultivo o primeiro passo para este objetivo. 

A padronização da gestão e a delimitação de papéis de cada membro, assim como a separação entre assuntos empresariais e familiares, são alguns fatores que geram uma melhor comunicação interna e externa no negócio. 

Estabelecimento de políticas de comunicação eficientes

O desenvolvimento de políticas que orientem a comunicação interna da empresa familiar também é essencial, de maneira que trate sobre temas como a transparência, feedback e resolução de conflitos.

Definição de reuniões regulares

A realização de reuniões regulares para a discussão de assuntos importantes, para a tomada de decisões, assim como para garantir que todos os membros estejam alinhados com os objetivos e estratégias da empresa deve fazer parte da rotina do negócio:

“Um canal de comunicação só é eficiente quando todas as pessoas têm a oportunidade de expressar suas opiniões e o engajamento para que as pessoas emitam suas vozes na empresa deve partir da cultura organizacional”, salienta Marcelo Viana.

Implementar uma cultura de comunicação aberta

Uma cultura de comunicação aberta, além de encorajar a honestidade e a transparência, cria um ambiente onde todos os membros da família e colaboradores sentem-se livres para expressar suas opiniões e preocupações, sem medos ou represálias. 

Uso de tecnologias para aprimorar a comunicação

Para uma comunicação eficaz, o uso de tecnologias (aplicativos e plataformas) para facilitar, inclusive, a comunicação online, é fundamental, como é o caso do Slack, Trello, Miro, Zoom, entre outras. 

Apoio de um profissional externo

“Para alcançar uma comunicação eficaz na Gestão Familiar, contar com o suporte de um profissional experiente que possa orientar as melhores práticas de profissionalização é fundamental”, conclui Marcelo Viana.

Com uma comunicação alinhada aos objetivos da empresa familiar, é possível potencializar ainda mais o crescimento de forma sustentável.

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A gestão de empresas familiares é desafiadora em diversos aspectos, porém um deles é crucial e tem sido cada vez mais discutido nos últimos anos: a questão comportamental, em especial, os malefícios do ego no ambiente corporativo. 

É de conhecimento do mercado os dados de que 60% das empresas familiares fecham as portas antes de completar cinco anos, conforme pesquisa do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), além disso, 70% das empresas encerram suas atividades após a morte de seu fundador e apenas 3% sobrevivem até a segunda geração.

O conselho consultivo representa o primeiro passo na jornada da empresa familiar em direção às boas práticas de governança corporativa, promovendo independência a um baixo custo.

Além disso, o conselho consultivo, como transição para o conselho de administração, será o primeiro contato da empresa com um órgão independente para direcioná-la, propondo caminhos e soluções que podem ou não ser acatadas pelos gestores. Trata-se de uma parceria embasada na confiança.